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Considerados crimes contra a humanidade, a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes são formas de violência que não diferenciam classe social nem respeitam limites territoriais ou culturais. Enfrentá-las é tarefa complexa, pois ocorrem com a cumplicidade e a conivência de muitos, quando não sob o véu do constrangimento familiar. Ao longo das duas últimas décadas, a internet agregou novas potencialidades, ainda mais complicadoras, levando aquilo que se configurava como atos individuais ou de pequenos grupos locais a ganhar características de crime organizado em nível global.
Em todo o mundo, há forte mobilização no sentido de alertar sobre essas práticas, tarefa que exige a participação de uma infinidade de atores sociais, em uma cadeia de corresponsabilidades. Entre eles, cabe à imprensa papel estratégico: de um lado, por ajudar a desvendar a complexidade moral, psicológica e sócio econômica que permeia a questão; de outro, por contribuir decisivamente para que o fenômeno receba atenção prioritária na agenda pública. Não bastasse, o jornalismo deve ainda cobrar os vários atores para que exerçam de forma efetiva seus papéis.
É neste contexto, e buscando promover uma imprensa tanto mobilizada quanto qualificada, que há quase uma década trabalham em aliança a ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ONG brasileira dirigida por jornalistas profissionais) e a Childhood Brasil, organização fundada pela Rainha Silvia, da Suécia, e que hoje alcança mais de 700 mil beneficiários em nosso país.
A presente publicação, um estudo de caso, analisa trajetos e resultados de um dos pontos centrais das ações levadas a cabo por esta aliança – o Concurso Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, considerado pelas instituições que trabalham no enfrentamento da violência sexual e pelos próprios profissionais da notícia como uma abordagem inovadora, capaz de apoiar um tratamento editorial que vai além do imediatismo dos fatos.
Expor os avanços quanti-qualitativos impulsionados pelo Concurso junto à cobertura sobre o tema, assim como as experiências marcantes vivenciadas pelos jornalistas premiados, nos pareceu não apenas uma maneira de celebrar resultados e/ou de reconhecer a atuação dos meios de comunicação do Brasil frente ao problema, mas também um dever de quem – como é o caso das organizações que representamos – atua em interesse público.
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